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Jerusalém (Israel): Cidade Santa.



Uma das mais antigas e significativas cidades do mundo, declarada capital de Israel, Jerusalém é considerada sagrada para os cristãos, judeus e islâmicos. Se por um lado isto confere uma carga de espiritualidade à cidade, por outro marca sua história por conflitos entre israelenses e palestinos. Para se compreender melhor o clima que envolve este local sagrado é preciso entender um pouco de sua história.



No tempo do reinado do rei Davi, este tinha o desejo de construir um templo para adorar a Deus e onde pudesse manter guardada a Arca da Aliança, todavia Deus negou isto a Davi por conta do excessivo derramamento de sangue em guerras que participara, mas concedeu a seu filho Salomão a oportunidade de construir o templo (1Reis 5:3-5).

Davi comprou um terreno no Monte Moriá, local onde Abraão havia levado seu filho Isaque para ser sacrificado conforme a ordem de Deus (Genesis 22), e ali posteriormente Salomão construiu o Primeiro Templo, que foi totalmente destruído por Nabucodonosor II da Babilônia, em 586 antes de Cristo, culminando no chamado Exílio Babilônico em que os judeus foram levados cativos para a Babilônia.

No ano 539 a.C. , Ciro o rei da Pérsia, apoderou-se da Babilônia e permitiu que os judeus voltassem para Jerusalém e reconstruíssem o Templo (Esdras 1:1-4). Mas no foi no tempo de Herodes o grande, que o Templo foi ampliado e ganhou uma forma monumental. O Segundo Templo foi destruído pelos romanos, através do imperador Tito, no ano 70 depois de Cristo.

Réplica em miniatura do Segundo Templo, no Museu de Israel.

Jerusalém caiu nas mãos dos árabes em 638 d.C. e, 60 anos depois a Cúpula da Rocha foi construída, no mesmo local aonde havia existido o Primeiro e Segundo Templo. O Domo da Pedra ou Cúpula da Rocha é como é chamada a mesquita da cúpula de ouro, uma grande obra da arquitetura islâmica, que pode ser vista de vários pontos da cidade, considerada um lugar sagrado pelos muçulmanos que acreditam que dali Maomé haveria subido aos céus. É um dos maiores carões-postais de Jerusalém, e considerado o terceiro santuário mais sagrado do Islã.






Contada esta história desde o tempo do rei Davi até a construção da Cúpula da Rocha, é fácil perceber que esta região do Monte Moriá é um local sagrado para várias religiões, assim como um foco de desentendimento e tensão entre elas também, provavelmente o terreno mais disputado do planeta. Há um desejo por parte de muitos judeus de reconstruírem o Terceiro Templo neste mesmo local, ideia que não é aceita pelos muçulmanos, mesmo que a Cúpula da Rocha fosse transferida para Meca, com a tecnologia adequada que existe hoje.


As visitas à Cúpula da Rocha são em horários determinados e, não é permitida a entrada de não-muçulmanos no interior da mesquita.

A única parte que restou do Segundo Templo foi um muro conhecido como Muro das Lamentações, é o local mais sagrado para o judaísmo. Nele são realizados cultos e orações são escritas e colocadas nas rachaduras das antigas pedras, turistas também podem participar destes rituais diários. Curioso é que o muro possui uma divisória para homens de um lado e mulheres do outro.






No curso da história, Jerusalém foi destruída 02 vezes, sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes, e capturada e recapturada 44 vezes. De 1096 a 1270, expedições foram formadas sob o comando da Igreja a fim de recuperar Jerusalém (que se encontrava sob domínio dos turcos) e reunificar o mundo cristão. Essas expedições ficaram conhecidas como Cruzadas.

Espada e cruz utilizadas na Cruzada, exposta na  Basílica do Santo Sepulcro.

A Cidade Antiga de Jerusalém é uma área cercada por uma muralha de forma retangular (construída por um sultão em 1538) onde encontram-se famosos sítios religiosos da cidade. É o centro histórico de Jerusalém e hoje está dividida em quatro bairros: judeu, cristão, armênio e muçulmano. Existem oito portões que dão acesso à cidade, os mais conhecidos são o de Damasco (região muçulmana) e Jaffa (região cristã e armênia).


A Via Crucis é o caminho percorrido por Jesus Cristo durante a sua crucificação. Hoje a rota começa em território muçulmano, cruza por um enorme e bagunçado mercado árabe e termina na área cristã. Existem 14 estações que simbolizam os principais pontos do caminho em que Jesus carregou a cruz. 


Estação 5: Simão Cirineu ajuda a Jesus.






  • Estação 1: Jesus é condenado à morte
  • Estação 2: Jesus carrega a cruz às costas
  • Estação 3: Jesus cai pela primeira vez
  • Estação 4: Jesus encontra a sua Mãe
  • Estação 5: Simão Cirineu ajuda a Jesus
  • Estação 6: Verônica limpa o rosto de Jesus
  • Estação 7: Jesus cai pela segunda vez
  • Estação 8: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
  • Estação 9: Terceira queda de Jesus
  • Estação 10: Jesus é despojado de suas vestes
  • Estação 11: Jesus é pregado na cruz
  • Estação 12: Jesus morre na cruz
  • Estação 13: Jesus morto no braço de sua mãe
  • Estação 14: Jesus é enterrado


  • Mercado árabe no trajeto da Via Crucis (achei um pouco desrespeitoso,  gente vendendo de tudo, falando alto, bem bagunçado para um local tão sagrado).

    A jornada da Via Crucis termina na Igreja do Santo Sepulcro, construída no local onde católicos acreditam que Cristo teria sido crucificado e sepultado.

    Entrada da Igreja do Santo Sepulcro.


    Local onde estaria o túmulo de Jesus.


    Alguns historiadores afirmam que o local da crucificação e o túmulo de Jesus estariam em outro lugar, a leste da cidade antiga, no chamado Jardim do Túmulo. A bíblia conta que Jesus foi crucificado no Calvário, um monte com aspecto de uma caveira (João 19:17). Próximo dali, havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo no qual Jesus foi colocado por José de Arimateia, envolto em um pano de linho (João 19:38-42).

    Calvário (em hebraico Gólgota, que significa caveira).

    Jardim do Túmulo: lá dentro há espaços reservados para grupos , onde se pode realizar o momento da Santa Ceia. Uma lembrança muito especial da viagem.

    Entrada do túmulo de Jesus, a poucos metros do Calvário.
    Inscrição numa porta colocada no túmulo de Jesus: "Ele não está aqui porque já ressucitou".
     
    Saindo do túmulo de Jesus.



    Jesus realizou a última ceia em Jerusalém antes de ser crucificado, o local onde isto aconteceu ficou conhecido como Cenáculo (Mateus 26:17-30). Sob este mesmo lugar fica também um túmulo em memória ao rei Davi.

    Cenáculo: local da última ceia.
    Estátua do rei Davi.
    Tumba do rei Davi.


    Visitamos a Igreja de São Pedro em "Gallicantu", que em latim significa canto do galo, construída para lembrar o episódio em que Pedro nega a Jesus três vezes (Marcos 14: 30 e Marcos 14: 66-72).





    Do lado de fora dos muros da Cidade Antiga está o Monte das Oliveiras. Aos pés do monte, próximo ao jardim do Getsêmani, está a Igreja de Todas as Nações. Foi construída sobre uma rocha que acredita-se ter sido o local onde Jesus orou antes de ser preso. Sua oração foi tão intensa que seu suor tornou-se como gotas de sangue (Lucas 22:43-44).

    Jardim do Getsêmani.

    Oliveiras com cerca de 900 anos.

    Igreja de Todas as Nações.

    Local onde Jesus orou antes de ser preso.


    A Igreja Dominus Flevit foi construída pela ordem Franciscana no Monte das Oliveiras, em 1954, com uma forma de gota de lágrima na parte superior, representando o choro de Jesus quando ia se aproximando de Jerusalém e chorou, prevendo a futura destruição da cidade (Lucas 19:41 e 42).



    Nessa região há um enorme cemitério, que os judeus acreditam ser o lugar onde Deus começará a redimir os mortos quando o Messias chegar. Os judeus sempre procuraram ser enterrados aqui.



    O Museu de Israel abriga o Santuário dos Livros, onde estão depositados os manuscritos do Mar Morto, textos de quase toda bíblia hebraica (exceto o livro de Ester e Neemias), escritos durante o século II a.C. a 70 d.C. São os textos bíblicos mais antigos encontrados até hoje e importantes no sentido de demonstrar que as escrituras sagradas atuais se mantiveram idênticas a esses textos escritos há dois mil anos atrás. Foram encontrados por acaso por pastores de cabras nas cavernas em Qumran, no Mar Morto.

    Santuário dos Livros, no Museu de Israel.



    O Museu de Israel também abriga uma enorme maquete de Jerusalém da época do Segundo Templo, numa escala de 1:50.






    Outro passeio carregado de emoção é a visita ao Museu do Holocausto. Foi criado com objetivo de manter viva a memória dos cerca de 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. 




    A Menorá é um dos principais símbolos do judaísmo, um candelabro de sete braços, simboliza os arbustos em chamas que Moisés viu no Monte Sinai. Outro símbolo do Estado de Israel é a estrela de Davi.




    Jerusalém é a cidade santa dos judeus, cristãos e muçulmanos.


    O judaísmo é a religião monoteísta mais antiga do mundo. Tem como crença principal a existência de apenas um Deus, o criador de tudo. Originou-se quando Deus mandou Abraão procurar a terra prometida. O livro sagrado dos judeus é o Torá ou Pentateuco (os primeiros cinco livros da bíblia). Os cultos judaicos são realizados num templo chamado de sinagoga e são comandados por um sacerdote conhecido por rabino.

    Os judeus acreditam que Jesus não é o Messias, para eles Jesus não preencheu as profecias messiânicas e não personificou as qualificações do Messias. Acreditam que o Messias ainda virá e cumprirá todas as profecias.

    Os judeus tradicionais vestem-se de modo conservador e formal, muitas vezes deixam a barba crescer e possuem os peiots (costeletas) longos. Os homens usam uma pequena touca, denominada kippa, apenas durante as orações ou o tempo inteiro, como forma de respeito para com Deus. 

    Os principais rituais são a circuncisão (realizada em meninos com oito dias de vida) e o Bar Mitzvah (meninos) e a Bat Mitzvah (meninas), traduzidos como filhos do mandamento, que representam o início da vida adulta na comunidade judaica (meninos com 13 anos e um dia e meninas com 12 anos e um dia).





    A comemoração de um Bar Mitzváh em Jerusalém. Mazal-tov é uma expressão traduzida como um "boa sorte" ou "parabéns", utilizadas em ocasiões festivas dos judeus.


    Muçulmano é todo o indivíduo que adere ao Islamismo, uma religião monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Maomé, que teria recebido revelações de Deus. Acreditam que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Maomé.

    Para os muçulmanos há três lugares sagrados na seguinte ordem de importância: Meca, Medina e Jerusalém. O Islamismo é a segunda maior religião do mundo, atrás apenas do cristianismo.

    Porém, se o Islão reconhece o papel preparatório do judaísmo e do cristianismo, considera igualmente que os seguidores dessas religiões acabaram por seguir caminhos errados. Os judeus procederam mal ao adorarem o bezerro de ouro, tendo se tornado idólatras. E os cristãos erraram ao considerar Jesus como filho de Deus e ao defender doutrinas como a da Santíssima Trindade, porém acreditam que Jesus foi um profeta, assim como Adão, Abraão e Moisés. Tais erros, segundo os muçulmanos, acarretaram a vinda de outro e último profeta enviado por Deus, Maomé.





    Cristianismo é uma religião que acredita em único Deus, todo poderoso, eterno, criador de todas as coisas, que existe como Pai, Filho e Espírito Santo. O cristianismo é centrado na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, da forma como são apresentados no Novo Testamento. Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio ao mundo na forma de homem, tendo sido morto na cruz pelos pecados da humanidade e depois ressuscitado, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna. O livro sagrado dos cristãos é a Bíblia Sagrada, composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento.


    A religião cristã tem três vertentes principais: o Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 1054) e o Protestantismo (que surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). É a maior religião do mundo em número de adeptos.

    Em Jerusalém: um padre católico, um protestante (eu) e um judeu convertido ao cristianismo.

    É muito difícil listar tudo o que se pode ver e fazer em Jerusalém, uma cidade dona de uma rica cultura e história, e local de tantos acontecimentos bíblicos, com tesouros do passado e planos para o futuro. Conhecer este lugar não é apenas fazer turismo, é ter a oportunidade de renovar-se espiritualmente.

    1 comentários:

    Marlene Reis disse...

    Que maravilha, dr. Alexandre, estar aqui no teu blog, lendo estas mensagens tão enriquecedoras não apenas ao conhecimento teológico, mas à própria vida espiritual. É deslumbrante ler tudo que você postou aqui sobre a vida dos reis que viveram antes de Cristo e que construíram o Templo para adoração do Todo-Poderoso, bem como a peregrinação de Jesus, seu sofrimento, morte e ressurreição! Só tenho que agradecer a Deus por dar-me esse privilégio de estar aqui e à você, por trazer-me tão grande presente! Muito obrigada!

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